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O MANUAL DA VIDA


O MANUAL DA VIDA

Imagine um técnico que, ao se deparar com uma máquina quebrada, se vê diante de várias opções para resolver o problema.

Ele pode desmontá-la por inteiro para tentar descobrir a peça com defeito; pode falar com os operadores para aproveitar a experiência deles, ou pode ainda estabelecer uma lista de testes a serem realizados em sequência. Ele também pode reunir uma “junta médica” de técnicos e engenheiros para opinar; e pode também, antes de tudo, aprofundar-se no manual de operação da máquina para saber se é um problema já conhecido do fabricante.

O técnico poderá escolher qualquer um desses caminhos, mas em nenhum momento – e disso ele sabe - encontrará uma solução que não obedeça às leis da física. Mesmo com os melhores conhecimentos e tecnologias, ele só poderá atuar dentro dos limites das leis que já existem. A solução surgirá com base em forças, ou leis, que determinam como um objeto físico pode se comportar no mundo material. Como a lei da gravidade, por exemplo.

Mas... como resolver um problema que paira além do mundo físico e visível? Como proceder numa situação assim?

No caso de emoções, sentimentos, relacionamentos, ou qualquer situação que pareça responder de forma diferente à do apertar de parafusos de uma engenhoca, haveria algum caminho ou diretriz que aponte com segurança uma solução?

O ser humano dos tempos atuais procura, com muito esforço e pouco sucesso, encontrar soluções para os mais variados problemas não físicos. Porém, nisso ele caminha no escuro, às apalpadelas, sem saber que trilha seguir, ou no que se basear com confiança e certeza. As aparências muitas vezes enganam, e o caminho reto para as soluções das dificuldades, inclusive até as mais corriqueiras e cotidianas, se perde numa profusão de opiniões, teorias, preceitos, impulsos e pensamentos, muitas vezes conflitantes entre si.

Nesse campo, ele se move com a visão turva, um tanto surdo também e com pouca capacidade de expressão. Perplexo, percebe que não é capaz de ver com clareza a origem real de seus problemas. A pressentida voz de seu coração - a intuição - lhe é fugidia, difícil de diferençar das ponderações da cabeça.

Como, então, saber a diferença entre a voz da mente e a do coração? Que resposta dar aos problemas que nos surgem diariamente? Aplicar sempre, para todos os casos, uma atitude racional? Ou também, eventualmente, um lampejo emocional e instintivo?

Somos seres compostos de matéria, mas não só. Temos uma essência. Somos algo que vai além do material e que nos torna alguma coisa além de um conjunto de células, tecidos e ossos perecíveis. Confinar a existência humana exclusivamente à matéria, além de triste engano é um grave erro, pois restringe toda a vida e atuação a um fatídico “nascer, conhecer dificuldades e morrer”. Nada mais. Pior: restringe o sentido da vida ao âmbito da vida terrena tão somente, ao mundo material, sem deixar pressentir o que se encontra além dele.

Diante dos problemas que deixam evidente a natureza complexa do ser humano, e para os quais as leis, as manifestações e os frutos da matéria não dão conta, é de suspeitar que exista algo mais. Algo mais vivo, em consonância com o que se sente pulsar dentro de si.

Há diversas compreensões para definir essa nossa essência interior: aquilo que nos dá vida, emoções e energia para além dos estímulos cerebrais e biológicos... Um olhar espiritualista para a múltipla composição do ser humano chama a atenção para sua essência primordial, viva e básica: o espírito. Uma compreensão não religiosa, visto que se encontra acima das nomenclaturas culturais ou históricas da vida na matéria.

Diz o escritor Abdruschin, autor da obra “Na Luz da Verdade”: “Não preciso mostrar aqui, especialmente, o triste papel que representa uma pessoa que coloca o seu espírito sob o domínio do manto de matéria mais grosseira. De um manto que só através dele adquire a sua sensibilidade, devendo perdê-la de novo pelo despir; uma ferramenta na mão do espírito, que necessita, sim, de cuidados, a fim de que seja mantida útil, mas que só pode, pois, continuar sempre uma ferramenta dominada.”

Como seres de essência espiritual, também somos regidos por leis que atuam acima e paralelamente às leis da matéria. Essas leis também regem nossos espíritos e são determinantes para nossa atuação espiritual. Uma atuação que toca corações, que desperta emoções, e... que soluciona problemas!

Não há caminho para resolução de um problema qualquer fora das leis que nos regem integralmente, seja no mundo da matéria ou para além dele. Uma resposta verdadeira para um problema só é encontrada em sua plenitude pelo caminho das leis que governam a obra da Criação.

Não é possível forçar uma solução que não esteja em consonância com as leis universais, pois nós mesmos somos frutos delas, nosso atuar caminha dentro delas. Assim acontece com a lei de causa e efeito por exemplo, ou lei da reciprocidade.

Aquele que ainda puder dar esse passo sem temer perder sua maneira peculiar de resolver problemas, e conscientemente buscar uma solução para além do senso comum, a encontrará. Não há perguntas que ecoam ocas, sem respostas, no Universo.

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